Análise Testament: The Order of High-Human (PC)
Testament: The Order of High-Human é ambicioso, aposta alto e, de modo geral, é um misto de metroidvania com RPG que cumpre o que promete.
Tessara já não é a mesma. O Fabuloso mundo onde Humanos e High-Humans (Grandes Humanos? Não temos uma tradução oficial ainda) conviveram por milênios está sendo tomado pela escuridão. Em Testament você é Aran o Rei imortal dos High Humans que após a traição do seu irmão Arva perde todos os poderes e é expulso do reino.
Agora, para salvar Tessara da destruição, precisa recuperar seus poderes e enfrentar o traidor.
Testament é metroidvania em primeira pessoa com elementos de RPG. O mundo jogável não é muito grande, mas você precisar várias vezes no mesmo local para acessar setores que não eram estavam disponíveis no início do jogo. Graças ao belo trabalho do iniciante e pequeno estúdio Fairyship Games, é possível passar de 20 a 25 horas no jogo sem enjoar dessa repetição.
A história principal é contada de forma minimalista, sem grandes cinemáticas além de uma pequena introdução. Durante a jornada, nosso protagonista solta algumas frases contextualizando os fatos e alguns documentos amarram o resto da trama como já é de costume na indústria. Confesso que achei interessante o mote principal e a forma que foi contada, mas com algum trabalho a mais, poderia ser ainda melhor, mas imagino como deve ser complicado fazer um jogo tão ambicioso com apenas 15 pessoas.
Visualmente Testament se sai muito bem. Os gráficos não chegam a impressionar, mas são bonitos e com uma escolha de direção de arte bem acertada. Os cenários, embora pequenos, possuem uma riqueza de detalhe interessante e os efeitos visuais não deixam a desejar para alguns AAA atuais. Alguns elementos são repetidos diversas vezes como caixas, jarros e etc… Mas é de fácil compreensão devido ao escopo do projeto. Louvável também o desempenho do jogo, que não apresentou nenhum bug durante o tempo que joguei e que roda liso em um pc com boa configuração, mas longe de um top de linha. As recomendações mínimas são pouco exigentes o que facilita a inclusão de mais players.
A gameplay, como esperado, é parecida com outros RPGs de ação. Você pode andar, correr, abaixar, pular, atacar e se defender. Mas aí estão vários pontos altos e baixos de Testament.
Demorei algum tempo pra me acostumar com a movimentação, o andar é estranho e correr não é. Minha vontade era de correr o tempo inteiro, pois andando tinha uma sensação de ser manco ou com algum outro problema. Os saltos e escaladas também são um pouco confusos, mas possuem uma mecânica interessante de você poder mirar (com uma mira mesmo) quando está saltando de alguns locais.
Os ataques são bem interessantes. Basicamente você pode utilizar espadas, arcos e magia. E, provavelmente, você utilizará todos esses elementos em uma mesma batalha. Com espadas você pode atacar rapidamente ou utilizar um golpe mais pesado além de se defender (sobre o que falo um pouco mais pra frente). O arco é muito eficiente para golpes de longa distância e principalmente para ataques furtivos (mas capriche na mira pois é importante derrotar o inimigo com uma só flecha. Já magia, pelo menos inicialmente, é um misto. O alcance dela não é muito longo e, acredito que propositalmente, as animações deixam ela um pouco lenta. Então, apesar de serem ataques fortes, precisam ser “carregados” exigindo do jogador procurar o momento certo para utiliza-la.
Como um bom jogo com elementos de RPG, Testament tem uma árvore de habilidades até bem completa. Ele só te obriga a desbloquear as iniciais, depois cada jogador ira procurar a sua própria build. Alguns melhoramentos são básicos, praticamente só aumentando a força dos golpes ou quantidade de vezes que você pode repetir os ataques, já outros mudam completamente como utilizar sua arma.
A defesa é outro ponto baixo do jogo. Ela é lenta e até aí tudo bem, com um tempo você começa a achar o tempo certo de utilizá-la (embora eu preferia quase sempre esquivar). Mas a forma de como você acessa ela passa longe de ser a melhor escolha. E entra em outro problema de Testament, o jogo não tem um bom suporte para controle, obrigando o jogador a usar teclado e mouse e ainda as escolhas iniciais dos botões são questionáveis. No caso especificamente da defesa ela obrigatoriamente precisa ser feita utilizando o botão de ataque rápido e lento no mouse ao mesmo tempo e esse comando não pode ser alterado sem alterar também o ataque. Já a maioria dos outros comandos é possível sim configurar de uma forma que proporcione mais qualidade de vida para o usuário.
Também sobre falta de suporte, a versão disponibilizada para análise, só possui o idioma inglês, mas a boa notícia é que a equipe está trabalhando para disponibilizar legendas em várias outras línguas como o português. Achei louvável um estúdio iniciante já preocupado em atender mercados diferentes e tratar os jogadores com respeito.
No balanço geral, Testament: The Order of High-Human, é um bom jogo e empolga como um primeiro jogo de um estúdio novato. Visualmente é gratificante e as mecânicas são bem interessantes. Conta uma boa história e uma boa liberdade de abordagem nas batalhas. Peca em alguns pontos que ainda podem ser melhorados com futuras atualizações.
A versão analisada de PC disponibilizada pela Fairyship Games e, pelo menos por enquanto, não estará disponível em outras plataformas.