Análise The Blackout Club (PlayStation 4)
Toda noite, os moradores dessa cidade vagam pelas ruas desacordados. Esse lugar esconde um segredo e o Blackout Club irá fazer de tudo para revelar para o mundo.
The Blackout Club é um grupo de adolescentes que descobriu algo de errado na cidade em que vivem e que agora possuem um objetivo: expor esse segredo para o mundo. O jogo desenvolvido pela Question LLC é um stealth com co-op para até quatro pessoas que deverão coletar evidências das estranhas atividades que acontecem quando a noite cai sobre Redacre, a cidade onde se passa a história.
Walk
The Blackout Club começa apresentando a opção de iniciar o jogo em um tutorial e a de gravar nossa voz para criar efeitos dentro do jogo. Primeiro, é ótimo que jogos possuam tutoriais separados do jogo principal (isso já foi mais comum) pra que o jogador decida se quer ou não passar por ele e aqui, essa introdução também serve como prólogo para o jogo principal. Jogamos com Isabela “Bells” Madi-Shaw, que faz parte desse clube do blecaute e está disposta a ir fundo para revelar os segredos da cidade. Eu não vou entrar em detalhes sobre o segredo, embora o tutorial jogue o mistério pela janela ao revelar uma boa parte. Uma pena.
A opção de ter sua voz gravada é usada para gerar efeitos sonoros perturbadores, já que o jogo se passa na madrugada e a atmosfera da cidade é bastante lúgubre, com drones de vigilância e moradores perambulando desacordados por toda parte. O centro da jogabilidade é entrar nas casas ou em áreas subterrâneas e coletar evidências do que ocorre na cidade usando nosso smartphone, que serve tanto como lanterna, como dispositivo de gravação. Desnecessário dizer que isso precisa ser feito sem que ninguém veja, ou melhor, ouça. Os moradores caminham de olhos fechados dentro das casas ou pelas ruas e irão te perseguir ao menor ruído e caso você pise na bola seguidas vezes, fim de jogo. Isso se você estiver jogando sozinho, o que não é recomendado de maneira alguma. Em vez disso, crie uma partida aberta ou entre em uma missão em andamento iniciada por outro jogador.
Suspicious Minds
The Blackout Club tem um sistema interessantíssimo para indicar onde o jogador precisa ir para cumprir os objetivos das missões. Além de ícones ocasionais na tela, é preciso fechar os olhos para enxergar pegadas vermelhas que seguem em direção a esses objetivos. Uma escolha bastante bem vinda em um jogo que aposta na atmosfera de mistério capaz de gerar sustos em quem não estiver ligado na movimentação dos inimigos, então em certos momentos tensos em que você estiver sendo perseguido pelos inimigos, a única saída será fechar os olhos por vários segundos até encontrar a saída. Conforme avançamos nas missões encontramos diferentes tipos de inimigos e nem todos eles estão de olhos fechados, então o cuidado precisa ser redobrado!
Mas ir sozinho é perigoso então temos à disposição alguns equipamentos como um taser, uma besta que dispara dardos soníferos e um arpéu, que pode ser usado para alcançar locais mais altos – telhados ou vigas de madeira no teto de algumas cavernas. Além desses três equipamentos que podem ser equipados (apenas um deles por missão), podemos encontrar itens durante as missões como lockpicks e bombinhas para chamar a atenção dos inimigos para determinada direção. Um ponto negativo é que os itens são dispostos numa roda e são identificados apenas com ícones, sem texto, o que pode causar confusão nas primeiras vezes em que for usá-los.
E usar esses itens é algo arriscado por si só. Chamar a atenção dos inimigos e moradores para determinado local já é uma medida extrema, uma vez que o ideal é não ser notado hora alguma. Quanto mais agitados os sonâmbulos estiverem, mais perto estaremos de cometer algum erro e portanto, de sermos pegos. A boa notícia é que ao ser capturado, entramos em um estado de transe – ficamos sonâmbulos, na verdade – que pode ser revertido pelos demais jogadores, então as missões estarão a salvo contanto que os 4 jogadores não sejam colocados para andar dormindo. Essa combinação de stealth com a necessidade de entrar em locais onde os moradores podem aparecer a qualquer momento é a receita na medida certa pra partidas tensas mas muito divertidas em grupo.
Eyes Without a Face
The Blackout Club é um jogo de terror bem mais leve do que Resident Evil 7 ou até que Alien Isolation e sequer possui um escopo tão amplo quanto esses. Esse é um jogo com foco pesado em jogabilidade e cooperação e esse elemento é o que faz o jogo se destacar. O título tem alguns problemas (a interface é um pouco excessiva, o jogo não está localizado para português, os smartphones poderiam ser usados de maneira mais criativa e até mecânica dos olhos fechados poderia ter mais funções) mas nada disso diminui a satisfação de voltar para o Clube com todos os amigos sãos e salvos após uma missão bem sucedida. Recomendo para quem gosta de co-op e quer algo que não tenha tiroteio.