Análise The Chant (Xbox)
The Chant acerta em cheio em sua ambientação. O terror psicológico convence e mostra um bom jogo, que vai além de uma boa história
A década de 90 sempre foi tida como a era de ouro dos jogos de terror com o inicio de franquias clássicas como Alone in The Dark, Resident Evil e Silent Hill, mas talvez estejamos no melhor momento para os fãs do gênero. Remakes de grandes obras estão sendo publicados além de vários grandes lançamentos como o, supostamente, primeiro AAAA The Callisto Protocol e o brasileiro Fobia: St. Dinfna Hotel.
Buscando seu espaço ao sol (e em muita escuridão) The Chant, desenvolvido pela Prime Matter e Brass Token, faz bonito e acerta muito em sua atmosfera e jogabilidade. Embora peque em alguns detalhes que iremos falar logo.
Você é colocado na pele de Jess Briars, uma jovem atormentada pela morte da sua irmã e que decide viajar até uma ilha semi deserta em busca de rever Kim Mallari, sua grande amiga que vive em Glory Island.
Já de cara podemos ver elementos clichês de peças de horror: jovens, problemas psicológicos, locais desertos, e o que precisaria pra aumentar a tensão? Uma seita obscura que interage com outras realidades através de portais e energias ainda não explicadas. Mas apesar da temática não ser muito original, tudo funciona bem e é contada de forma a sempre instigar o jogador.
Jess, apesar de parecer fragilizada mentalmente, é uma protagonista forte.
Rapidamente aprende como se virar na ilha e lidar com seus inimigos e com seus próprios demônios. Mesmo quando um ritual liderado pelo guru espiritual (ou charlatão) Tyler Anton dá errado e a ilha é tomada pela Penumbra.
O jogo de terror em terceira pessoa possui uma movimentação muito boa, um controle preciso em combates, variadas mecânicas de ataques e um nível razoável de dificuldade. Jogadores iniciantes, provavelmente, irão repetir alguns desafios diversas vezes até assimilar tudo que precisa ou pode ser feito.
Além de lidar com os inimigos, é preciso lidar com não uma, mas três barras de energia da nossa protagonista, que representam o Corpo, Mente e o Espírito.
A barra de corpo é literal. Ela mede a saúde física da jovem Briar. Espírito seria uma força para executar habilidades especiais que podem ser utilizadas para atacar ou desacelerar inimigos. Já a Mente é, talvez, sua energia mais importante. Conforme percorremos lugares tomados pela penumbra ou quando somos atacados, pouco a pouco iremos perdendo nossa sanidade até nossa protagonista não ter mais força pra resistir.
Todos essas energias podem ser recuperadas com técnicas como meditação ou recursos que encontramos pelo mapa. Mas como bom exemplar do gênero, esses recursos em vários momentos vão ficando escassos e o jogador precisa dosar bem quando e como utiliza-los. Outros itens podem ser encontrados e servem como armas e armadilhas, sendo possível serem combinados em um sistema simples de crafting.
E claro, temos os prismas. Ainda na década de 70 um antigo líder do culto se dedicou a estudar esse material e desenvolver e publicar toda uma pesquisa sobre a “Ciência Prismática”. Essas publicações podem ser encontradas pela ilha em formas de documentos, rolos de filmes e desenhos que formam um bestiário. Os Prismas podem ser usados em combate, desde que você tenha energia espiritual suficiente para isso.
A ambientação de The Chant é fantástica. A trilha sonora é digna de grandes obras do cinema assim como os efeitos sonoros. A movimentação de câmera, planos e iluminação deixam bem clara a influência da sétima arte sobre o jogo. Os próprios monstros tem uma pegada lovecraftiana digna de grandes filmes.
Apesar dos gráficos datados, texturas com poucos detalhes e objetos com dificuldade de movimentação (como folhas e cabelos), os modelos dos personagens são bem feitos e com uma ótima sincronia labial. Aliás, os diálogos são todos em inglês, mas o jogo está todo legendado em português assim como todos os documentos do jogo são traduzidos para o nosso idioma.
Ainda há alguns puzzles para diversificar a gameplay, mas quem não é fã de queimar os neurônios não tem motivo para se preocupar, a maioria tem soluções simples exigindo apenas um pouco de exploração e raciocínio lógico.
Em resumo, The Chant foi uma excelente surpresa. Traz um misto de familiaridade e descobertas que se espera de um jogo de terror. Peca em algumas animações e qualidade gráfica especialmente nos cenários, mas ganha muitos pontos em ambientação, narrativa e combate.
É interessante e instigante, é difícil passar das primeiras horas e não querer saber o fim dessa história.
A análise de The Chant foi escrita com base em uma cópia de review gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do game. O game está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series.