Análise The Swords Of Ditto
Com boas referências a Zelda, gráficos “bonitinhos” e elementos de RPG “compactos”, The Swords Of Ditto entrega uma experiência encantadora e divertida na luta contra uma bruxa maligna.
Divulgado pela desenvolvedora One Bit Beyond como um “RPG de Ação Compacto”, The Swords Of Ditto acerta em cheio na paixão que todos nós temos por Zelda, sobretudo “A Link To The Past”, no SNES. Embora tudo aconteça em menor escala, vários elementos do clássico da Nintendo estão lá, como o combate, itens, cavernas a serem exploradas e até mesmo aqueles trocados escondido na grama: são referências que o jogo não faz qualquer questão de suavizar.
Lembro quando vi os primeiros vídeos e imagens que surgiram na internet, a impressão foi “Zelda encontra Hora da Aventura”. Posso dizer que essa impressão ficou mais presente a cada sessão de jogo desse excelente RPG. Dá só uma olhada no trailer:
A premissa do jogo é simples e efetiva: a cada 100 anos a ilha Ditto é invadida pela bruxa Mormo, que pretende instalar um reino de caos e, como ela mesma diz, idiotas. Nesse momento, caberá a um dos habitantes da ilha ser escolhido para ser a Espada de Ditto e salvar o dia. Assim, começamos o jogo como uma pessoa aleatória que deverá ir até a espada e então, começar a aventura (menino, menina, robô ou, como no meu último jogo, um coelho).
No início, o jogo carrega um pouco nos tutoriais, embora sempre bem-humorados com a participação de Puku (uma besouro que faz as vezes de fada em mais uma referência ao Zelda), são ligeiramente longos, deixando a impressão de que o jogo demora a começar de verdade. Passada a introdução onde aprendemos a procurar a Espada anterior e o que fazer para derrotar Mormo, estamos livres para explorar Ditto.
É nesse momento que o jogo nos conquista. Visualmente, o trabalho de arte da One Bit Beyond é fantástico, passando uma sensação de leveza e diversão através dos gráficos cartunescos. Os cenários, gerados proceduralmente a cada nova tentativa, são bonitos e nos dão a impressão de estarmos jogando um desenho animado. Mesmo as cavernas e calabouços (dungeons para quem preferir) possuem uma boa variação de estilos com visual próprio e mesmo dentro da proposta do jogo de ser algo “compacto”, podem ser extensos o suficiente para criar algo desafiador.
A presença dos inimigos é regulada de acordo com o nível do nosso personagem e conforme avançamos, encontramos criaturas mais grotescas, mais difíceis de serem enfrentadas, como zumbis, bruxos e cérebros voadores.
A estrutura do jogo é também simplificada. Temos uma missão principal: derrotar Mormo. Mas antes, quests secundárias devem ser completadas para conseguir armas lendárias. Essas armas nos darão acesso às próximas quests para poder enfraquecer Mormo, destruindo cristais que dão poder à ela. Também existem pequenas missões paralelas que são oferecidas por personagens aleatórios, como buscar itens em algum lugar ou derrotar 10 inimigos (não seria um RPG sem NPCs pedindo favores e vasos para quebrar).
Em termos de gameplay, tudo funciona como deveria e com algumas boas surpresas. Com a espada em mãos, o jogador pode desferir ataques poderosos nos inimigos, trazendo uma sensação de combate parecida com jogos “Beat ’em up”, devido aos combos. Também podemos desviar dos ataques com um rolamento ágil e bem útil. Apesar de podermos encontrar outras armas, apenas uma pistola de brinquedo (espécie de “Nerf Gun”) e uma tocha estão disponíveis a cada reinício do jogo. Demais itens, como arco e flecha, disco, taco de golfe, podem ser encontrados ou comprados, mas sempre são perdidos a cada morte. Fiquei surpreso com mecânicas um pouco avançadas, como o fato de flechas pegarem fogo (como em Assassin’s Creed Origins ou The Legend of Zelda: Breath of the Wild), e que os inimigos sofrem dano de outros inimigos, seja com fogo ou veneno, algo que ajuda bastante quando devemos enfrentar vários deles.
Além das armas, também podemos encontrar ou comprar melhorias para os atributos do personagem, que dentro da temática divertida do jogo, assumem a forma de “brinquedos” (armas/itens) ou “figurinhas” (melhorias). Inclusive existem “pacotes de figurinhas” que entregam melhorias aleatórias quando abertas. Fiquem tranquilos pois não existem lootboxes em Swords Of Ditto e tudo pode ser encontrado dentro do próprio jogo.
Aqui é importante explicar melhor a dinâmica de morte e recomeço, o que traz implicações interessantes. Segundo o contexto criado para o jogo, a bruxa Mormo surge a cada 100 anos para tentar conquistar a ilha de Ditto e, ao mesmo tempo, alguém se torna a Espada para combatê-la. Acaso o jogador consiga derrotá-la, a próxima sessão de jogo ocorrerá 100 anos depois, quando Mormo tentará novamente conquistar Ditto. Por outro lado, em caso de derrota (o que ocorrerá na maioria das tentativas), Ditto é coberta em trevas e uma nova Espada surgirá para combatê-la, um século depois… sem os itens adquiridos no jogo anterior.
If you fail a story in Swords of Ditto, evil takes over for 100 years, and Ditto degrades a little more each time. #screenshotsaturday pic.twitter.com/GgANGEfuTr
— Bidds (@onebitbeyond) September 30, 2017
Na verdade, o dinheiro e outras moedas derrubados pelos inimigos são mantidos de um personagem para outro, mas novas armas e melhorias são perdidas para todo o sempre. Para piorar a situação, cada nova Espada tem apenas 04 dias para derrotar Mormo e se o tempo acabar, teremos de ir para a batalha estando prontos ou não. No entanto, durante os 04 dias de aventura podemos coletar armas lendários e todo tipo de melhorias para ficarmos prontos para a luta final (que será incrivelmente difícil se as quests principais não tiverem sido terminadas).
Embora o timer para derrotar Mormo e a perda dos itens encontrados complique bastante as coisas, o jogo oferece um mecanismo para contornar esses obstáculos, por meio da Deusa da Providência, que pode deixar alguns dos itens para a próxima Espada e até mesmo voltar o tempo. Além da Providência, outros NPCs que encontramos durante a jornada oferecem outros tipos de ajuda, como expansão do inventário e melhorias nas armas, por exemplo. Também existem puzzles espalhados pelo mundo e itens que podem ser encontrados aleatoriamente, tornando a dificuldade bastante balanceada e ajudando a criar um loop de tentativas bem bacana.
Em geral, The Swords Of Ditto é um excelente jogo para aqueles que gostam de RPG de ação e procuram algo leve e divertido. O loop de jogabilidade é muito satisfatório e nos faz querer jogar sem parar para subir de nível, conseguir novos itens, avançar na história e, enfim, derrotar Mormo. Com uma boa quantidade de conteúdo, o jogo entrega tudo que se propõe em termos de diversão e ainda possui belos gráficos e trilha sonora (e tem um preço camarada).
The Swords Of Ditto está disponível em versão digital para PlayStation 4 e PC via Steam, podendo ser jogado por até 2 jogadores em co-op local.
Análise feita a partir de uma cópia da versão PlayStation 4 cedida pela assessoria de imprensa da Devolver Digital.