Análise They Are Billions (PS4)

Um pouco de nostalgia, um pouco tensão e bilhões de zumbis. Essa é a receita de They Are Billions, um jogo de estratégia em tempo real em que o relógio sempre está correndo – nem sempre a nosso favor.

Tela Título

Desenvolvido pela Nuantian Games e publicado para consoles pela BlitWorks, They Are Billions é um jogo de estratégia em tempo real (RTS para os mais íntimos), com temática pós-apocalíptica, zumbis e ambientação steampunk. Logo quando comecei a jogar pensei: “RTS tá pra mim. Já zerei o StarCraft Wings Of Liberty; joguei muito Age of Empires… esse jogo vai ser sussa”. No entanto, eu não contava com a astúcia dos zumbis.

Antes de começar, somos convidados a escolher a dificuldade do jogo, que corresponde ao tempo máximo de sobrevivência da nossa civilização, necessário para avançar de fase. Assim, o jogador é considerado vitorioso ao sobreviver pelo período de 100 dias, por exemplo. Em níveis de dificuldades mais brandos, o prazo para sobrevivência aumenta, o que significa mais tempo para montar defesas contra o derradeiro ataque.

They Are Billions pode ser jogado em modo sobrevivência ou completando desafios em cenários específicos. O jogo também conta com um placar online, onde podemos comparar nosso desempenho com o de outros jogadores, embora não exista um modo multiplayer.

A ideia é simples e as mecânicas não diferem muito dos RTS mais clássicos como Age Of Empires e StarCraft: devemos construir nosso pequeno acampamento, coletar recursos, expandir, coletar mais recursos, treinar soldados, construir defesas, expandir, coletar recursos, treinar soldados, construir defesas e expandir enquanto aguardamos o inevitável ataque zumbi que poderá matar a todos. 

Belos gráficos!

Nesse loop de gameplay, dá pra destacar a solidez das mecânicas próprias do gênero, pois tudo funciona exatamente como deveria, com o acréscimo de algumas facilidades. Os colonos buscam automaticamente os recursos, bastando que o prédio correspondente seja construído. A ajuda é bem-vinda, pois qualquer deslize no gerenciamento da cidade custa caro no momento das invasões. Também é permitido pausar o fluxo de tempo a qualquer momento e ainda assim dar ordens de movimentação das unidades ou construção de novos prédios. Uma mão na roda. 

E por falar em invasões, elas são responsáveis pelos momentos de tensão do jogo, pois basta uma brecha para que os habitantes sejam infectados um a um, gerando um efeito wololo dominó que eventualmente levará ao colapso da cidade e ao fim do jogo. Game Over mesmo, pois não existe salvamento rápido que possa ser carregado e nos dar a chance de experimentar uma vitória, ainda que vazia. 

Ilustarção do fim do jogo
Se morrer, morreu!

As flores de plástico não morrem

Todavia, nem tudo são flores mortas em They Are Billions. O jogo apresenta alguns problemas, sobretudo em relação à utilização do controle do PlayStation. Sejamos honestos, um RTS não foi pensado para ser jogado em consoles. A ausência do combo teclado/mouse faz com que as possibilidades e velocidade de controle do jogo sejam bastante limitadas. Embora o sistema de pausa do tempo seja um aliado (provavelmente o recurso mais utilizado no jogo), ainda assim, senti muita falta de um input mais preciso ao selecionar prédios e unidades. Com o tempo, pega-se o jeito, pois os atalhos no controle foram muito bem implementados, mas ainda assim acaba sendo um obstáculo que aumenta a curva de aprendizagem.

Esse é o início do fim.

Outro problema, que aparentemente está se tornando frequente nas transições entre plataformas é o tamanho do texto na tela, que claramente não foi pensado para quem joga a alguns metros de distância da TV. Por fim, também é importante destacar que They Are Billions vai exigir muito tempo livre para ser plenamente aproveitado, pois cada fase pode demorar algumas horas nas mãos de jogadores iniciantes. Dominar completamente o jogo é tarefa para quem tem muito tempo de sobra.

Zombieland

Ainda assim, esses problemas são pequenos em relação à qualidade geral do jogo, que conta com ótimo ciclo de gameplay, bons gráficos cartunescos, direção de arte e música competentes para criar o clima de apreensão nos momentos de calma e pânico generalizado durante as invasões. They Are Billions é uma ótima aquisição para todos que amam um bom RTS e desafios intensos. 

A análise de They Are Billions foi realizada com uma cópia do jogo fornecido pelos desenvolvedores.

Tiago Matias Escobar
Metaleiro não uniformizado. Cerveja, pizza, games e viagens ocasionais.