Análise Thronebreaker – The Witcher Tales (Nintendo Switch)
Essa é a mistura de Nilfgaard com Rívia! Pegue seu Nintendo Switch, embarque nesta jornada cheia de aventura e descubra como é difícil governar um reino povoado por gente da pior espécie e ter que defendê-lo com astúcia em um jogo de Gwent!
Thronebreaker é um RPG para um jogador ambientado no mundo de The Witcher que combina exploração movida pela narrativa com quebra-cabeças e mecânicas únicas de batalha de cartas.
Afinal, é um novo The Witcher?
Começando pelo básico, Thronebreaker: The Witcher Tales é uma mistura de aventura com RPG e jogo de cartas, no caso Gwent, o esporte intelectual no estilo implementado pela CD Projekt Red em The Witcher 3 Wild Hunt. O jogo é um spin-off (produto derivado) da série principal e se passa antes dos eventos da série The Witcher e nele jogamos com a rainha Meve, soberana de Lyria e Rívia, com a missão de expulsar o exército de Nilfgaard que está prestes a invadir o norte. O gameplay divide-se em duas partes: travessia do mundo e batalhas. A travessia do mundo ocorre em um mapa 2D com belos gráficos desenhados. No mapa controlamos Meve, levando-a em direção aos pontos de interesse, tal como em um RPG clássico como por exemplo, Chrono Trigger.
Nesses momentos, o jogo retrata a rainha passando por seu reino recém invadido, visitando cidades, vilarejos, igrejas e castelos. Ao longo do percurso encontramos NPCs que podem ser amigáveis ou não. Personagens amigáveis podem dar itens como dinheiro ou madeira (os recursos utilizados em melhorias no jogo). Personagens não-amistosos, como bandidos, monstros ou fantasmas dão início a um combate. Falo disso mais adiante.
Durante os encontros, diversas situações se desenrolam, com uma narrativa digna da série The Witcher, em que nada é simples e fazer o bem sempre tem seu preço. Existem momentos, por exemplo, em que temos a oportunidade de aplicar a justiça real, mandando para forca qualquer um que tenha transgredido as leis do reino, seja Nilfgaardiano ou cidadão de Lyria e Rívia. À medida que caminhamos, encontramos espólios pelo caminho, valiosos recursos que podem ser utilizados para melhorias no exército liriano. Meve pode acampar e gerenciar sua comitiva, desbloqueando e comprando melhorias com ouro e madeira. Também podemos encontrar templos religiosos ou estátuas para que o exército possa exercer sua devoção, ganhando assim uma melhoria na moral e pontos no combate.
Os gráficos na porção de aventura do jogo são simples e belos. A música ambiente é agradável, seguindo o estilo “medieval polonês” da franquia The Witcher. A movimentação de Meve pelo mapa é um pouco lenta, mas pode ser melhorada com upgrades e o jogo conta com diálogos completos gravados em inglês e legendados em português do Brasil. E embora a interação com o mundo se dê primordialmente através do combate, existem tipos de sessões de combate distintos, mas o grande destaque fica com os quebra-cabeças em que devemos completar um cenário com as cartas de Gwent, seguindo parâmetros pré-estabelecidos, como por exemplo, impedir que o adversário atinja um número específico de pontos ou derrotá-lo usando apenas 3 ou 4 cartas.
Gwent valendo… o trono!
Chegamos no combate e, consequentemente, na melhor parte do jogo.
Todos os impasses de Thronebreaker são resolvidos em uma partida de Gwent e não há como não comparar as batalhas com as de um RPG de turnos em que sua party são as cartas disponíveis em cada rodada. Pode soar estranha a ideia de entregar todo o combate de um jogo à um jogo de cartas, mas acredite: não é qualquer jogo.
Se você teve a oportunidade de jogar The Witcher 3 Wild Hunt, é possível que tenha se deparado com Gwent. O jogo de cartas fez tanto sucesso que ganhou uma versão própria para PC, PlayStation 4 e Xbox One (posteriormente também para iOS e Android). Em Thronebreaker as partidas de Gwent são muito parecidas com as do jogo solo em sua apresentação: as cartas possuem designs belíssimos e animações próprias, além de a arena do jogo ser temática, fazendo referência ao cenário apresentado na campanha; muito diferente do estilo bastante singelo do Gwent apresentado em The Witcher 3.
Gwent em si é um show à parte. É simples a ponto e de atrair os qualquer jogador sem muitas barreiras de aprendizado, mas com uma complexidade muito bem-vinda. É a perfeita síntese do ditado “Fácil de aprender, difícil de dominar” (em inglês “easy to learn, hard to master”). Essa complexidade faz com que a cada rodada aprendamos mais e mais sobre o impressionante sistema de balanceamento entre as facções, sistemas de habilidades e power-ups (chamados de “mobilização” e “ordem”, respectivamente) e a cada nova dinâmica de funcionamento das cartas que aprendemos, aumentamos as chances de vencer as batalhas.
Como as partidas são uma espécie de desdobramento das andanças da rainha Meve pelos reinos, dentro de uma área elas podem ser acessadas em qualquer ordem, revelando um certo backtracking. Se uma batalha está muito difícil, é interessante abandoná-la e buscar novos recursos ou batalhas mais fáceis, onde podemos aprender melhor a usar as cartas que temos à mão ou encontrar alguma sidequest que nos recompense com uma carta nova. Inclusive os quebra-cabeças que mencionei anteriormente são ao mesmo tempo uma fonte de frustração (pois nem um pouco fáceis de serem solucionados) e de aprendizado, uma vez que nos fazem enxergar a interação das cartas de um modo novo.
Todavia, a exuberância visual das partidas de Gwent exigem muito do console da Nintendo e quando muitas cartas estão lançadas no tabuleiro, podemos perceber uma visível queda na performance, com ligeiros engasgos nas animações e uma certa lentidão na resposta da inteligência artificial dos adversários. Nada que comprometa a experiência em geral, mas digino de nota nesta análise.
Um detalhe interessante é que Thronebreaker serve tanto como spin-off de The Witcher, como uma espécie de campanha para Gewnt, The Witcher Card Game, fazendo uma ponte entre os dois produtos da CD Projekt Red. Ainda assim, não há como negar que Gwent adquiriu vida própria após The Witcher 3, de modo que Thronebreaker guarda mais similaridades com o jogo solo de cartas do que com a versão que deu as caras no RPG do Bruxo.
Dê uns trocados para a CD Projekt Red!
Enfim, Thronebreaker: The Witcher Tales é uma excelente aquisição para você que tem um Nintendo Switch. Funciona bem com aqueles que jogaram a aventura mais recente de Geralt de Rívia e também com quem se interessou pelo Gwent mas não possui um PC ou console concorrente para experimentar a versão completa do jogo. Com uma ótima campanha, eventos inéditos na mitologia de The Witcher e muito Gwent, Thronebreaker cumpre o que se propõe e o faz com maestria.
A versão de Nintendo Switch de Thronebreaker: The Witcher Tales foi lançada em janeiro de 2020 e o jogo também possui também versões para PC, PlayStation 4 e Xbox One, lançadas em 2018. O jogo foi disponibilizado pela assessoria de imprensa da CD Projekt Red.