Análise Trillion: God of Destruction
O RPG tático de estratégia Trillion: God of Destruction consegue interessantes feitos, mas escorrega em momentos cruciais da sua proposta.
Como é praxe jogos japoneses chegarem com atraso por essas bandas, com Trillion: God of Destruction não foi diferente. O exclusivo de PS Vita lançado em meados de 2015 no Japão só chegou por aqui no final de março.
Trillion: God of Destruction é um RPG tático de estratégia com elementos de relacionamento. O jogo consiste em acompanhar a trajetória de lordes demônios contra o Deus da Destruição de um trilhão de HP.
O desencadear da história começa quando o Deus da Destruição chega nas terras do rei demônio Zeabolos sem muitas explicações, apenas sedento por destruição. Rapidamente as tropas de Zeabolos são direcionadas para tentar intervir os ataques, porém acabam massacradas.
Astaroth, irmão de Zeabolos, convicto de suas capacidade, acaba se oferecendo para derrotar o Deus da Destruição, mas a força do mesmo é tão insana quanto sua vida, e Astaroth acaba sendo completamente esmagado. Em busca de vingança, Zeabolos acaba morto. Uma luz no fim do túnel aparece pelo nome de Faust, uma desconhecida que revive Zeabolos em troca da sua alma.
Durante o desenrolar dos acontecimentos seis overlords femininas são apresentadas. As overlords são chamadas até o castelo de Zeabolos para um tipo de seleção no qual uma delas será a escolhida para derrotar o Deus da Destruição.
Depois de escolher a overlord desejada, os conceitos básicos do jogo são apresentados em tutoriais preguiçosos, mas compreensíveis. O jogo funciona basicamente através de um sistema de ações no qual é possível treinar, descansar, batalhar, aumentar status, gerenciar itens, comprar itens, e algumas outras coisas do tipo.
O conceito do jogo estimula suas habilidades de construção e gerenciamento da personagem. A interface de ações requer compreensão do seu funcionamento para poder desencadear efeitos positivos ou negativos no crescimento da sua overlord. Embora haja batalhas estratégicas em 3D e tal, são poucos momentos que você poderá realmente aproveitar esse modo, já que é tudo muito focado na execução de ações.
A história do jogo é desenvolvida a todo instante através de diálogos, então praticamente tudo termina em algum falatório. Os personagens e todo universo do jogo são minuciosamente trabalhados, e ao decorrer de tanta leitura, você acaba realmente dentro daquele universo de lordes demônios.
O conceito de ações é planejado para desenvolver praticamente tudo relacionado ao jogo, tanto o universo quanto as peculiaridades individuais de cada personagem — as vezes dando ênfase até mesmo para um simples lacaio.
Sempre que uma ação é executada, um dia é contabilizado. Aprimorar as habilidades da sua overlord em decorrência do ciclo de dias até o despertar do Deus da Destruição é primordial para alcançar um dos dez finais do jogo. Em suma seu objetivo principal é fazer ações na maioria das vezes medíocres em troca de divertidos diálogos e pontos de habilidade.
O sistema de ações é formado por diversas opções. A ação de Treinar desenvolve tanto a personalidade da overlord através de diálogos quanto suas habilidades, e ainda propõe pontos de status de acordo com o treino escolhido; já a ação de Descansar, é como uma pausa das atividades “pesadas” para algo mais light, tipo dormir para passar os dias mais rapidamente evitando fadiga, ou aproveitar para cultivar relações com outros personagens.
As demais ações funcionam praticamente da mesma forma, mas de acordo com sua proposta, ou seja, se for uma ação de aumentar status, obviamente será necessário somente distribuir pontos em habilidades, e melhorias de ataque, defesa, magia e etc.
Executar ações talvez fosse mais interessante se tivessem explorado as batalhas em 3D, mas nada disso acontece, esse modo de batalhas é praticamente um bônus que você até pode optar por jogar vez ou outra ao coletar medalhas, mas é limitado a momentos relevantes da história. As batalhas acabam sendo entediantes e sem vida.
A utilização de algumas estratégias consegue dar um sentido para a administração e distribuição de pontos, mas o resultado é razoável. Admira tantos mecanismos de estratégia praticamente para você poder fazer uma coisa ou outra diferente durante as poucas batalhas..
As batalhas são meio confusos e difíceis de adaptar, a movimentação da personagem em grades é robótica, e os controles não ajudam. Durante os combates você movimenta sua personagem um passo de cada vez para a direção desejada, e os inimigos se movimentam seguindo seus passos.
Como é uma jogabilidade gradativa, você ajusta seu tempo para usar habilidades especiais, e manipular sua personagem com cautela. A sacada dos combates é os inimigos se movimentando junto com você, essa característica estimula estratégias específicas na hora de movimentar sua personagem.
Há muitos itens, colecionáveis, pontuações específicas, e diversas regalias que incentivam o replay do jogo, mas a superficialidade acaba ofuscando boa parte do brilho.
Visualmente o jogo é competente. Seus cenários são bem desenhados, e transmitem bem a ambientação dos lugares. Os personagens em geral são muito bonitos, e suas animações simples e fluidas tem seu charme. Os sons apenas cumprem seu papel, já as composições de Tenpei Sato conseguem entregar um pouco mais com suas melodias agradáveis de ouvir.
Trillion: God of Destruction tenta se sustentar parecendo um RPG tático de estratégia, mas falha ao assemelhar demais uma visual novel com características dinâmicas. O jogo tem bons elementos, mas acaba agradando com ressalvas e ficando no meio termo.