Análise Trine 4: The Nightmare Prince (PS4)
Retorno da série Trine aos cenários 2.5D combina uma ótima jogabilidade e puzzles inteligentes a uma trilha sonora fantástica e uma arte lindíssima
Em julho de 2019 a amada série de aventura puzzle-plataforma Trine comemorou 10 anos do lançamento do seu primeiro jogo.
Após as recepções calorosas que Trine 1 e 2 conseguiram, a desenvolvedora Frozenbyte resolveu apostar em uma mudança dos já clássicos cenários 2.5D dos jogos anteriores e usar ambientes 3D em Trine 3, o que representou, segundo a empresa, um gasto 3 vezes maior comparado a Trine 2.
Apesar da mudança ousada o resultado gerou um turbilhão de críticas negativas e uma recepção de público pouco empolgante.
Por conta disso, o desafio para comemorar o aniversário da franquia de forma marcante seria lançar um jogo que recuperasse fãs antigos e chamasse a atenção de novos jogadores.
Desenvolvido pela Frozenbyte e distribuído pela Modus Games e lançado em 08 de outubro de 2019 para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC, Trine 4: The Nightmare Prince conseguiu vencer esses desafios ao voltar as suas raízes 2.5D e entregar um jogo bem polido e divertido.
Um toque mágico
Trine 4: The Nightmare Prince impressiona muito especialmente por sua beleza, cada fase tem um cenário mais bonito e detalhado que o outro. A direção de arte fez verdadeiras pinturas exploráveis, não devendo em nada a Ori and the Blind Forest, por exemplo, outro jogo lindíssimo dessa geração.
Somado a isso a excelente trilha sonora composta por Ari Pulkkinen, compositor da franquia, também desempenha papel fundamental para tornar Trine 4 tão bom, assim que começou a música do menu eu já sabia que iria sair em uma aventura fantástica com a minha trupe de RPG.
A ladra Zoya, o Cavaleiro Pontius e o Mago Amadeus dessa vez se reúnem para lidar com uma espécie de maldição que assombra o jovem Príncipe Selius: os pesadelos do garoto se manifestam em forma de perigos mágicos, o que cria situações de perigo inusitadas para os nossos heróis enquanto tentam convencer o mimado príncipe a retornar à segurança da Academia de Magia.
E essa não é uma tarefa simples, Selius está convencido que sua única opção é fugir e se isolar, o que é desculpa perfeita para percorrer as várias localidades recheadas de quebra-cabeças, criaturas mágicas, chefes de fase e passagens secretas que os três personagens precisaram explorar.
Jogue como quiser
Retomando a estética 2.5D que o consagrou anteriormente, Trine 4: The Nightmare Prince entrega um título de aventura e plataforma focado em resolução de quebra-cabeças magnífico.
O jogador pode abordar Trine 4 de três formas: single player, multiplayer online e multiplayer local para até 4 jogadores.
Os modos multiplayer podem ser jogados de duas formas, um chamado ilimitado em que os jogadores podem controlar um mesmo personagem na tela ao mesmo tempo, que pode ser uma estratégia interessante principalmente durante combates, mas que sem a devida comunicação, principalmente online, pode dificultar a resolução de alguns puzzles se alguém não trocar para outro personagem em determinados momentos e o modo clássico em que cada um escolhe um herói, atuando assim como classes.
Mas para quem não tem a possibilidade ou não quer jogar co-op local ou online, Trine 4 oferece uma experiência single player igualmente excelente porém mais simplificada em relação aos modos com mais de um jogador, já que os quebra-cabeças se adaptam a quantidade de jogadores,
Se estiver em grupo eles tem uma configuração em que todos precisam cooperar ao mesmo tempo para chegar em uma solução, já sozinho você controla os 3 heróis, um por vez e pode alternar sempre que quiser ou for necessário, tudo isso sem cooldown ou delay, portanto os puzzles obedecem essa dinâmica adaptada visto que não é possível executar mais de uma ação por vez com personagens diferentes.
E esses quebra-cabeças independentemente do modo escolhido são excelentes e engenhosos, a curva de dificuldade é suave e a cada novo nível é acrescentado uma complexidade a mais, mas até os que em um primeiro momento parecem mais difíceis após um pouco de estudo do cenário e das habilidades dos personagens se torna trivial.
Às vezes a solução parece sempre ter estado a sua frente e faltava só reorganizar itens do cenário ou usar uma habilidade recém conquistada ou usar a física e gravidade ao seu favor.
Em nenhum momento você ficará travado a ponto de querer abandonar o jogo, muito pelo contrário, a cada resolução fica mais claro o que Trine 4 exige e espera do jogador, além de ser instigante.
Em todo caso se ficar agarrado em algum puzzle existe um sistema que pode ser configurado ou desativado que dá dicas aos jogadores depois de um tempo sem conseguir avançar.
O mesmo vale para as lutas com os Chefes, nenhuma delas é simplesmente uma batalha em que é necessário golpear e zerar uma (ou mais de uma) barra de vida e sim um quebra-cabeça com combate.
Antes de poder causar dano ao Chefe é necessário entender como conseguir eliminar o que impede que esse seja causado, seja destruindo ou usando algum elemento do cenário, usando uma habilidade especial única ou a combinando poderes dos personagens e isso cria um elemento único e divertido para cada batalha.
Em contrapartida as lutas com inimigos comuns são bem desinteressantes e toda a estratégia usada nos Chefes é inexistente aqui.
Ao chegar em uma área ela se fecha em uma arena e basta bater sem parar e desviar do que lançarem em você até derrotar todos e liberar novamente o caminho, e apesar de não ser parte central do gameplay não deixa de ser pouco criativo e destoar do restante.
Cada mago no seu quadrado
Em relação aos poderes, inicialmente o mago pode criar caixas mágicas e pode levitar objetos criando passagens, bloqueando engrenagens ou quebrando estruturas mais frágeis como galhos de árvores, por exemplo.
A ladra usa um arco e flecha e cordas que podem ser atadas a ganchos e a caixa criada pelo mago para criar pontes, pêndulos ou segurar estruturas em uma determinada posição.
O cavaleiro é o responsável pela força bruta sendo disparado o melhor em combate, podendo quebrar estruturas e refletir projéteis ou outros objetos com seu escudo, como luz ou água por exemplo.
Ao avançar pelas as fases e derrotar inimigos o jogador ganha estrelas e essas desbloqueiam novas habilidades após um certo número ser atingido. Esse é um sistema automático e todos os jogadores vão ter a mesma experiência e liberar as mesmas habilidades ao longo do game.
E é muito interessante como essas habilidades inseridas gradualmente se integram à resolução dos quebra-cabeças, se Zoya liberou flechas de gelo e fogo com certeza os próximos puzzles vão requerer que o jogador congele e descongele plataformas, se Amadeus agora pode criar outras formas além de quadrados, elas serão usadas para trafegar por novas áreas.
E esses são apenas alguns exemplos já que cada personagem tem de 5 a 6 habilidades além de melhorias para algumas delas.
Outra forma de coletar experiência é encontrando gotas e frascos de poção de coloração rosa e após um determinado número coletado esses itens se tornam um ponto para gastar nas melhorias para as habilidades.
Esse já é um sistema que vai depender do quanto o jogador irá explorar o cenário e da quantidade de frascos que vão ser encontradas.
Em sua maioria é bem visível onde cada um está assim que você chega em uma nova tela com exceção de alguns escondidos atrás de uma outra parede secreta.
Vale o seu dinheiro
Trine 4: The Nightmare Prince é dividido em 5 atos com 18 cenários no total e ao final de cada um o jogador pode checar o que faltou coletar, sejam frascos que não foram encontrados ou colecionáveis, esses sim mais escondidos, indicando inclusive em qual checkpoint não foi encontrado o quê.
Inclusive para quem gosta de colecionar troféus essa é uma estatística fantástica que possibilita que a Platina seja bem tranquila.
Basta terminar o jogo coletando todos frascos e gotas rosas e todos colecionáveis que você garante mais um troféu de Platina reluzente para o seu hall.
E não se preocupe se esse for o seu primeiro Trine, por ser uma aventura independente e por ter uma história fechada Trine 4: The Nightmare Prince é uma excelente porta de entrada para novos fãs.
Obviamente se você já tiver conhecimento prévio a respeito dos personagens alguns diálogos, intimidades e interações tem um sabor especial, mas qualquer um pode aproveitar o que o game tem a oferecer por sua leveza tanto na história como na jogabilidade.
Já os fãs da franquia podem respirar aliviados, após 10 anos de história e um pequeno desvio no caminho a série volta aos trilhos neste título, deixando de lado o que não deu certo e melhorando o que já era incrível.
A análise de Trine 4: The Nightmare Prince foi escrita com base em uma cópia de PS4 fornecida pela assessoria de imprensa do jogo.