Análise Vaporum: Lockdown (Nintendo Switch)
Vaporum: Lockdown é uma sequência do dungeon crawler Vaporum e apresenta uma atmosfera claustrofóbica de exploração e RPG. Confira nossa análise!
Vaporum: Lockdown é um dungeon crawler (ou jogo de explorar calabouços, em bom português) com mecânicas de RPG inspirado no jogo Legend Of Grimrock, sendo uma sequência de do jogo Vaporum, contando eventos que se passam anteriormente ao primeiro jogo. Aqui, controlamos a cientista Ellie Teller em uma aventura para fugir da torre Arx Vaporum, um instituto onde são desenvolvidos estudos com uma substância nova, o “Fumium”, capaz de milagres tecnológicos. Ellie ingressa na torre com o objetivo de fazer uma rápida manutenção em um equipamento de teletransporte, mas algo dá errado e ela agora precisa escapar do lugar.
Para conter essa aventura, Vaporum: Lockdown apresenta a perspectiva em primeira pessoa, combate em tempo real e movimentação em blocos (tiles), de modo que a personagem e os inimigos movem-se sempre em linha reta, como uma torre no xadrez. Parece estranho no começo, mas logo essa característica é assimilada no gameplay e tudo flui normalmente.
Falando em gameplay, de uma maneira geral ele se desenvolve com a exploração do cenário para encontrar chaves ou saídas dentro da dungeon Arx Vaporum e resolução de quebra-cabeças, similar a um metroidvania ou Resident Evil. A movimentação, mesmo em blocos, é rápida e existe uma opção de deixá-la fluida, sem a sensação de dar saltos entre os blocos, o que é ótimo para acolher jogadores desacostumados com o gênero, como eu.
Durante a exploração surgem inimigos, de maneira que o combate é um elemento presente, ainda que de um modo secundário. Podemos usar armas como espadas e martelos, ou armas de fogo como pistolas e rifles. A escolha depende do gosto do freguês já que existem prós e contras com a utilização de cada uma delas, mas as penalidades não são tão severas assim. Também podemos utilizar alguns poderes para ocasionar dano de área e elemental (fogo, veneno ou eletricidade), algo muito oportuno quando aparecem dois ou três inimigos ao mesmo tempo. Digo que o combate é secundário, pois a presença de inimigos não é tão frequente e grande parte do desafio, que é moderado, diga-se, encontra-se na exploração do cenário. Isso não significa que os inimigos são fáceis ou que o jogo não tenha combate, mas que na maior parte do tempo estaremos resolvendo puzzles e realizando exploração do que combatendo inimigos.
Também existe um elemento de RPG com a evolução do personagem por meio de níveis e atribuição de pontos de habilidade, embora não seja necessariamente Ellie Teller que evolua, mas o equipamento utilizado, uma espécie de armadura própria para executar trabalho pesado dentro da Arx Vaporum. Essa armadura receberá os pontos de melhoria após acumularmos “Fumium” suficiente ao derrotarmos os inimigos do jogo.
Um dos aspectos negativos do jogo está na necessidade utilização dos itens por meio de “atalhos” no controle, pois para acioná-los é preciso apertar uma combinação de botões, o que atrapalha bastante em momentos que exigem agilidade, quando dois ou mais inimigos aparecem na tela. Felizmente, para esses momentos, Vaporum: Lockdown oferece uma bem-vinda mecânica de pausa contextual do jogo para cada ação, de modo que podemos executar uma ação (como andar um bloco ou atirar, por exemplo) e pensar na próxima ação, sem pressa, pois o jogo permanecerá em pausa enquanto não a executarmos. Também não ajuda muito a existência de áreas escondidas no cenário exigindo um clique em lugares específicos de alguma parede, usando um cursor que é ativado pelo botão ZR. Na hora de jogar, tudo fica relativamente intuitivo, mas ainda assim poderia ser mais simples.
De maneira geral, Vaporum: Lockdown é um ótimo jogo. A campanha se desenvolve em um clima misterioso e tenso à medida em que avançamos e descobrimos detalhes sobre que tipo de trabalho era desenvolvido na torre Arx Vaporum. Se você não gosta de conteúdo político nos seus videogames (ou só conteúdo de outro espectro político?), recomendo que passe longe. As premissas de Vaporum: Lockdown gravitam em torno da busca de progresso pela utilização do “Fumium” e os aspectos éticos e políticos envolvendo essa corrida tecnológica, inclusive com um toque de terror. O cenário é permeado por uma estética “steampunk” e uma iconografia que remete à propaganda ideológica da URSS sobre o trabalho, mas que em alguns pontos não ficam muito distante do que conhecemos atualmente como cultura do “trabalhe enquanto eles dormem”. Dois espectros políticos unidos por meio do abuso ético e da desumanização das pessoas em nome do progresso. Coincidência? Acho que não.
No fim das contas, Vaporum: Lockdown tem uma excelente relação de custo-benefício. Os gráficos simples poderiam ser um pouco mais polidos no Nintendo Switch, mas entregam o que é proposto em um contexto de exploração de cenários fechados com um algum combate. Para um jogo indie, o valor de produção é surpreendente, pois conta com bastante diálogos falados, inclusive da personagem principal. Alguns puzzles podem ser difíceis de solucionar, exigindo soluções não-convencionais, mas o conjunto de mecânicas e a apresentação proposta nos empurra a jogar mais e mais, em um ciclo de gameplay bastante agradável. Recomendo muito.
Vaporum: Lockdown foi desenvolvido e publicado pelo estúdio eslovaco Fatbot Games e está disponível para PC, Mac, Nintendo Switch, PlayStation 4 e Xbox One.
A análise foi feita com base em uma cópia digital do game para Nintendo Switch, gentilmente fornecida pela assessoria de imprensa do jogo.