Análise Mortal Kombat X
Os kombates de nova geração estão garantidos com a chegada de Mortal Kombat X, mais novo jogo da consagrada série do estúdio NetherRealm. Mortal Kombat X traz incríveis detalhes visuais, possibilidades de kombate abrangentes, e novidades inéditas.
Talvez este fosse o tipo de texto no qual deveria começar falando sobre a minha introdução ao mundo de Mortal Kombat, mas quando joguei a série pela primeira vez, no Super Nintendo de um primo próximo, eu era uma criança que gostava mais de beat ’em up, não de jogos de luta.
A curiosidade por Mortal Kombat nunca esteve presente até jogar Mortal Kombat 9, responsável pelo meu envolvimento atual com a série. Mortal Kombat 9 conseguiu trazer de volta um adormecido gosto por jogos de luta, perdido ainda quando criança na minha época de fliperama. Muitas horas de aprendizagem e prática de combos foram gastas em detrimento de mais e mais lutas cheias de sangue absurdamente divertidas. Agora Mortal Kombat está de volta, mais caprichado do que nunca e indiscutivelmente divertido.
A série retorna com Mortal Kombat X, carregado de novidades visuais de encher os olhos, e detalhes técnicos devidamente planejados. Alguns dos grandes acertos de MK9 se mantiveram intactos, já outros foram aprofundados. Características que funcionaram em outros jogos da NetherRealm como Injustice, foram reaproveitadas em MKX, demonstrando o quanto este jogo teve um grande salto, mas ou mesmo tempo foi bem cauteloso.
Turbulentos 20 anos se passaram desde os acontecimentos do último jogo da série. A trama de MKIV, no qual Shinnok recorre ao feiticeiro Quan Chi para se libertar do inferno e dominar a Exoterra é reescrita em MKX, mas diferente desta, é menos linear com pequenas tramas ganhando cena. A história é outra, mas os métodos utilizados para contá-la dentro do jogo permaneceram praticamente os mesmos utilizados em MK9, e isso é muito bom.
Apesar de uma história bem amarrada, e devidamente executada, há momentos pouco explorados em jogo, todavia melhor e mais aprofundados nas HQs. Outras ressalvas valem para o inédito trabalho de dublagem e localização para nosso querido português brasileiro, infelizmente mastigado e cuspido no jogo de forma pouco atenta. A polêmica gerada em torno da dublagem da personagem Cassie Cage pela Pitty condiz com parte do trabalho mais fácil de atacar, mas há falhas saltitantes em boa parte dos momentos em que o trabalho de dublagem é executado. O resultado final deste que deveria ter sido um grande trabalho por parte da Warner, infelizmente acabou alavancando descontentamento de uma legião de fãs da série aqui no Brasil.
Mesmo acompanhado de um modo história excelente, a história ainda é um complemento para os kombates, afinal, o que seria de Mortal Kombat sem seus kombates incríveis, mas como estão os kombates neste novo MK? Exatamente como sabíamos que estavam, cheios de puro sangue, sopapos e muita diversão para os velhos e novos amantes da série. Há bastantes lutadores disponíveis logo de início, a maioria velhos conhecidos, demais restantes da nova geração de kombatentes.
É introduzido aos lutadores três variações de estilo distintas, permitindo novas possibilidades para um mesmo lutador, e o melhor, você não precisa reaprender movimentos, somente as características únicas de cada variação.
O trabalho visual dos cenários, peça fundamental para os kombates, foi realizado aos mínimos detalhes, é possível perceber com maior nitidez o mundo vivo além das limitações laterais. Em partes, os cenários ganharam vida própria, possibilitando saltos através de apoios, ou mesmo arremesso de objetos. Sabe aquele dito no qual para receber algo em troca é preciso dar, então talvez por causa dos cenários dinâmicos, os stage fatality ficaram de lado.
Mesmo com saltos gráficos, detalhes aos mínimos detalhes, falta em MKX um trabalho maior de descaracterização dos personagens durante os kombates, em MK9, por exemplo, as roupas rasgavam em várias lugares, havia praticamente um banho de sangue, já em MKX, não é bem assim, falta sangue e rasgos mesmo nas batalhas mais acirradas.
MKX traz estimulantes de jogatina além dos simples sopapos por sopapos, você tem a história, as torres em suas diversas modalidades, multiplayer local e online, a divertidíssima Kripta, e agora também as facções.Uma das ilustres novidades são as facções, um interessante modo multiplayer dividido em cinco clãs relacionados a história do jogo no qual você pode escolher um destes pelo domínio de Earthrealm, principal reino da série. O sistema de facções é baseado nos mais diversos tipos de desafios, estimulando jogadores do mundo todo a completarem os desafios em função de pontuações que podem render recompensas para seu clã.
O multiplayer online funciona muito bem, por sinal, dar para jogar com amigos, gente desconhecida de todas as partes do mundo, e tudo através dos vários modos presentes no jogo, mas a interface adotada ainda é um tanto quanto confusa, provocando uma certa estranheza em certos momentos que queremos apenas nos divertir rapidamente.
Mesmo violento ao extremo, Mortal Kombat X consegue transforma toda a violência que consagrou a série em algo cômico e memorável. A quantidade de acertos faz de MKX um grande jogo de luta em processo de transição, ainda há muita nostalgia pelos velhos personagens presentes, mas em um futuro não tão distante, talvez o velho seja substituído pelo novo.
Mortal Kombat é um jogo tão onipresente, seja em campeonatos ou na sala de estar, a maneira como sua presença contagia jogadores e expectadores é impressionante. Um dos princípios básicos de todo jogo é a diversão, e MKX consegue ir além ao entregar momentos cheios de energia entre pessoas.