Shadow of the Erdtree e a evolução da From Software
A From Software revolucionou a indústria ao criar um gênero que agora, com Elden Ring: Shadow of the Erdtree, chega em seu ápice.
Lançado em 05 de fevereiro de 2009, para PlayStation 3, Demon’s Souls passou longe de ser um jogo muito popular entre os jogadores em sua época. Confesso que não me recordo de seu período de lançamento, mas por consumir jogos naquele momento, e tendo jogado original e o remake anos atrás, eu digo com tranquilidade que ele é completamente diferente de tudo que era produzido naquele período.
Não sei se passar desapercebido foi bom ou ruim, mas o fato é que a From Software dava seus primeiros passos para criação de um gênero que iria revolucionar absolutamente tudo que é produzido na indústria dos videogames.
De lá para cá, o estúdio lançou a trilogia Dark Souls, Bloodborne, Sekiro e mais recentemente, Elden Ring e Armored Core VI. O que demonstra a enorme capacidade que o estúdio tem, afinal de contas estamos falando de sete jogos em um intervalo de 15 anos, isso ainda vale ressaltar que quase todos possuem expansões de conteúdo.
Mas porque estou falando isso? Eu não sei dizer ao certo onde essa popularidade começou, mas não a dúvida que o gênero “Soulslike” ou “Soulsborne”, como você preferir chamar, mudou a forma de como jogos são desenvolvidos hoje. Além de inúmeros jogos que se inspiram na fórmula buscando ser um jogo parecido mesmo, ou outros como jogos de ação e aventura que de alguma forma, buscam beber dessa fonte.
Bom, eu comecei no gênero em 2020 no auge na pandemia. Lembro perfeitamente do momento de olhar para meu vídeo game e não ter vontade de jogar nada, até que olhei para Bloodborne e pensei: “poxa eu ouço tanto falar desse jogo, vamos ver se é tudo isso mesmo”. E daquele momento até hoje, eu joguei todos, exceção a Dark Souls 2. Mas eu não me apaixonei somente pelos jogos da From, mas sim, pelo gênero.
Testei dezenas de jogos que se inspiram na fórmula souls e infelizmente, nem todos sabem muito bem oque fazer, mas há algumas boas exceções, mas não é o ponto aqui.
Conto dessa experiência para exemplificar de como essa fórmula taxada muitas vezes como “muito difícil”, que na verdade nem é tão assim, pode ser algo extremamente apaixonante caso você busque entender e se deixe levar para aquilo que ele quer te mostrar.
Há alguns anos já vemos dezenas de vídeos, produtores de conteúdo e textos falando sobre os jogos do estúdio japonês, mas ao meu ver, foi em Elden Ring que a From Software atingiu o auge de sua popularidade. Um nível que me chocou e creio ter colocado de vez, eles em uma posição de nível Rockstar, desenvolvedora de GTA. Onde seus jogos se tornam verdadeiros eventos, onde são aguardados pela mídia e público, e seu conteúdo é absorvido até a última gota pelos jogadores.
Prova disso é que Elden Ring já vendeu mais de 25 milhões de cópias, enquanto a recente expansão: Shadow of the Erdtree, vendeu mais de 5 milhões em apenas três dias.
Isso reforça e muito, a tese de que o gênero soulslike criado pela empresa lá em 2009, que com certeza eles nem queria chamar assim, chegou em seu ápice de popularidade. Hoje, é quase impossível alguém não saber oque é Elden Ring. Para isso você não precisa ir muito longe, é só olhar redes sociais e Youtube, que você verá dezenas de conteúdo sobre o jogo.
Popularidade tão grande que atingiu mesmo quem nem consome vídeo game que perguntam sobre oque se trata.
E para culminar neste brilhante trabalho feito nos últimos anos, eu tive a imensa honra de jogar Elden Ring: Shadow of the Erdtree nos últimos dias e digo com tranquilidade, que para mim, esta expansão é uma celebração de tudo que o estúdio fez nos últimos anos, chegando em minha opinião, em sua definição de obra suprema.
Imenso
Anunciado no dia 28 de fevereiro de 2023, a aguardada expansão de Elden Ring, o Game of the Year de 2022, gerou uma comoção na comunidade como poucas vezes se viu nesta indústria. Grande parte disso, é que o estúdio já conhecido por ser fazer expansões de altíssima qualidade. Então com certeza não seria aqui que eles deixariam a desejar, e bom, definitivamente não foi.
Poucos antes de seu lançamento oficial, o preço da expansão foi divulgada e causou uma revolta em muita gente, já que chegaria aos consoles pelo valor de R$ 200. Um preço incomum para expansões. O barulho foi tão grande que o diretor do jogo e criador do gênero Hidetaka Miyazaki veio a público e, em entrevista disse que o tamanho do mapa seria similar ao de Limgrave, a primeira região do jogo base, e deu resultando, pois mostrou que a expansão seria realmente algo bem grande.
E bom, depois de passar exatas 32 horas no jogo eu digo que Shadow of the Erdtree poderia facilmente se chamar Elden Ring 2, porque é ele imenso.
Caso você queira fazer tudo e descobrir todos os segredos, você consegue passar das 50 horas. Que se você parar passar é um tempo muito maior que grande parte dos jogos, inclusive de alguns que custam preço cheio.
E se duração nem sempre é sinônimo de qualidade, aqui, definitivamente é.
Obra-prima
Fazia algum tempo que não me divertia tanto em jogando algo. Shadow of the Erdtree é aquele tipo de conteúdo que você não vê a hora passar. Eu simplesmente abria o jogo e ficava andando pelo mapa e quando via, já tinha se passado horas.
Isso porque a From Software fez tudo que o jogo base tem, e melhorou. Por se tratar de uma DLC, ou seja, algo menor, a empresa conseguiu ser ainda mais criativa em seu level design de mundo aberto que com sobras é o melhor do que é feito no jogo base.
Por ser um tamanho reduzido, o estúdio esbanjou ao criar um mundo completamente interligado que faz você se sentir de fato em uma jornada. Daquelas que ao chegar no alto de uma montanha, você consegue ver todo trajeto feito até aquele momento.
Foram vários momentos em que via um caminho e só seguia para ver se dava em algum lugar e de repente, eu estava em outro lugar, descobrindo inimigos, armas, armaduras e missões secundárias. Isso claro sem falar dos chefes opcionais que dessa vez, não se repetem como no jogo base.
Além disso, o jogo esbanja uma direção de arte de encher os olhos. Há inúmeros cenários que poderiam facilmente se transformar em quadros de tão belos que são. Soma-se tudo isso ainda ao incrível número de inimigos com motivações e ataques diferentes.
Realmente a From Software conseguiu se superar e trazer um jogo muito, mais muito acima da média.
Chefes incríveis
Não dá para falar de soulslike e não falar sobre os chefes do jogo. Eu não sei dizer quantos chefes o jogo possuí, mas sei que existe “10 lendas” que são os inimigos mais poderosos espalhados pelo mapa, sendo que são divididos entre obrigatórias que você terá que enfrentar para zerar, e os que são opcionais, que você precisar completar alguma “quest”, ou simplesmente acha-los explorando os mapas.
E eles são um show parte, eu achei os boss dessa DLC muito melhores do que o jogo base. São mais interessantes, com golpes mais belos, trilhas sonoras mais marcantes e com um nível maior de exigência do jogador.
Porém, eu também entendo quem reclamou que estava um pouco difícil demais, e eu concordo. Principalmente o último chefe, que sinceramente, eu achei forçado demais. Algo que sempre me trouxe fascínio nos jogos da From, foi que os chefes, mesmo parecendo impossíveis de enfrentar, você com tempo, sempre aprende oque fazer, não é que seja o caso aqui, mas acho pesaram demais a mão e ficou uma coisa um tanto quanto anormal.
No caso, o chefe que não irei citar o nome, possuí um pacote de ataques que são completamente fora do padrão de compreensão do ser humano. É claro que insistindo muito você irá conseguir, mas ainda assim, achei ele meio “apelão por ser apelão”. Ficou com a péssimo sensação de que acharam que teria que ser um desafio enorme e daí pensaram em algo completamente fora do padrão de inimigos até então e o criaram. Acho que com o tempo e patch de correção, ele deve sofrer algum tipo de “nerf”.
De qualquer forma, ainda deixou reforçado que é uma luta belíssima e que sem dúvida é que mais traz a sensação de recompensa.
Difícil demais?
Eu preciso falar deste tema, mesmo que seja brevemente. Como eu disse antes, o gênero sempre foi conhecido por ser desafiador, e perceba o uso da palavra que escolhi. Porque para mim é oque esses jogos são, desafiadores. O problema para mim não é nem a From Software, e sim, o jogos como um todo que estão fáceis demais.
Certamente alguém que cair de paraquedas em Elden Ring irá sofrer muito, porque é um estilo que precisa de um tempo de aprendizado, mas absolutamente não é impossível.
Pelo que li, grande parte das críticas que Shadow of the Erdtree estar difícil demais, partiu da própria da comunidade, mas acho que houve um pouco de exagero. Afinal de contas estamos falando de um novo começo, sendo assim, os jogadores precisariam passar por uma nova fase de aprendizado e para isso, precisa de tempo.
Creio que muitos foram seco demais ao pote, achando que seria algo mais tranquilo e se assustaram quando perceberam que precisariam aprender algo de novo e com isso, veio as reclamações. Mas, ao que parece, o estúdio está ouvindo e já veio correções que facilitaram certas coisas do jogo e creio que ainda virão mais.
Isso precisa melhorar
Em minha incrível experiência com Shadow of the Erdtree a minha única decepção veio com a performance do jogo que deixa muito a desejar em momentos cruciais inclusive. Infelizmente o desempenho ruim é algo comum nos jogos da desenvolvedora.
Lembro que Elden Ring veio com problemas de queda de frames e resolução baixa em muitos momentos, mas achei que nesta DLC foi um pouco pior e tenho um exemplo para dar.
Em minha primeira luta contra um chefe principal, o inimigo te ataca com vários elementos diferentes e isso gera muita coisa na tela para processar, e isso fez meu jogo no PS5 despencar de frame, há um nível de travar a tela e voltar 3 segundos depois. Isso é péssimo pois depois dessa travada eu morri.
E isso foi um pouco além, pois dá para perceber que o framerate também cai em alguns lugares do mundo aberto oque gera aquela sensação de travada constante. Torço muito para que a From Software ouça as críticas para que em seus futuros jogos isso não aconteça mais.
Obra definitiva
Se Elden Ring já era um jogo quase que perfeito, Shadow of the Erdtree o deixou ainda mais próximo da perfeição. Uma aula de combate, em como construir um mundo aberto que gera curiosidade, além de um oferecer um deslumbre visual com uma direção de arte brilhante e ainda uma paz sonora com trilhas extremamente marcantes.
Apesar de já ter terminado eu ainda não pretendo parar de jogar e quero continuar jogando pois sei que tem muito oque se fazer, e eu quero descobrir mais e testar novas formas de se jogar.
Eu não sei oque a From Software está planejando para seu futuro, mas seja oque for, tem total minha atenção, e quando for anunciado, com certeza será meu jogo mais aguardo.
Elden Ring: Shadow of the Erdtree é uma OBRA-PRIMA.
Esse artigo sobre Elden Ring: Shadow of the Erdtree foi escrito através de uma cópia de PlayStation 5 gentilmente cedida pela assessoria de imprensa do game. Também disponível para PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series X|S e computadores.